Cerro da Bela Vista

  • Publicado em: 01/03/2019 às 13:16   |   Imprimir

Um dos lugares mais bonitos e aprazíveis da Buena Terra Missioneira, localizado no interior do município, conhecido como Cerro da Bela Vista. Segundo o atual morador, Marquito Moraes, o primeiro proprietário foi Antônio Brustoloni, um italiano que veio para esta região, por volta de 1840, sendo a revolução farroupilha um dos motivos que o trouxe para cá, pois havia a eminente possibilidade de obter recursos financeiros.

Foi uma espécie de posto de abastecimento para tropeiros e carreteiros, que cruzavam pela estrada real e ligava a localidade de Garruchos, na fronteira com a Argentina, com Boqueirão de La Sierra, hoje Santiago do Boqueirão. O local transformou-se em um dos mais importantes pontos comerciais da região e uma referência para os andantes. Constituía-se no último pouso antes de chegar à vila de Bossoroca, onde a tropa era conduzida até o Mangueirão, situado no espaço que hoje encontra-se a estátua de Noel Guarany.

Por esta estrada, que passava nas imediações da propriedade, cruzaram as primeiras tropas, com destino à Pelotas, nas charqueadas da época, algumas contrabandeadas da Argentina e outras do Paraguai e que possivelmente, deram o início ao ciclo do tropeirismo nesta região, juntamente com os tropeiros de mulas, que levavam animais para Sorocaba. Muitos tropeiros utilizavam este local para pernoitar. Nesta época, Antônio Ferreira de Morais, conhecido como Tico Timbaúva, filho mais novo de Manoel Timbaúva, construiu o primeiro “Seguro de tropa” que era um espaço cercado e onde os animais permaneciam à noite, sendo uma alternativa para evitar o perigo de um estouro de tropa.

O Cerro da Bela Vista, em razão de sua localização, foi considerado um ponto estratégico para observação da movimentação de tropas e pessoas, pois até hoje, permite que se visualize cidades como São Luiz Gonzaga, Santo Antônio das Missões, Itacurubi e Unistalda. Neste local, durante a noite ainda é possível observar as luzes da cidade de Roque Gonzales. É um dos pontos mais altos entre os rios Piratini e Icamaquã.

Nesta época, já em 1945 o Cerro da Bela Vista também era um local onde as famílias da região, em grande parte constituídas por fazendeiros, periodicamente visitavam e divertiam-se nos grandes bailes que ali aconteciam. Eram festas que tinham duração de dois a três dias. Um dos assíduos frequentadores era Jayme Caetano Braun, que na época era namorado da jovem Cici, filha de Antônio Ferreira. Segundo relatos, aconteciam duas festas paralelas no local, uma no salão da fazenda e outra no galpão, onde ao som de uma gaita, a peonada também se divertia. O novo proprietário desmanchou o galpão e as mangueiras e as pedras que sobraram, foram doadas para o município de São Luiz Gonzaga e utilizadas nas estradas da região, as quais encontravam-se em péssimo estado.

A partir de então, abandonou-se a característica comercial e o local passou a ser um reduto político, sendo ponto de encontro para reuniões e comícios em épocas de campanha. E foi em reuniões no Cerro da Bela Vista que começaram as tratativas pró emancipação de Bossoroca. João Cândido Dutra, que foi interventor federal e importante liderança política, possuía, próximo a este local, uma espécie de armazém o qual surgiu depois que se encerraram as atividades comerciais no Cerro da Bela Vista, no ano de 1940. Numa certa feita, quando Leonidas Ribas, candidato a deputado federal, esteve na propriedade, foram carneadas dez vacas para o churrasco, sendo um dos maiores comícios da história de Bossoroca. Em 1978 a viúva de Antônio Ferreira decidiu mudar para São Luiz Gonzaga. Acabava assim, um dos mais importantes redutos políticos do município. Em 1998, pelo falecimento de Valentina Ramos Ferreira, seu filho Albino Ferreira de Morais assume a propriedade. Acaba falecendo em 2005, quando então, se estabelece no lugar o atual morador, Marco Antônio de Moraes (Marquito Moraes). A velha morada ainda preserva a tradição de bem receber os visitantes, que hoje, em sua maioria, provém das cavalgadas que costumeiramente passam por lá. Nesses mais de 13 anos, o galpão ainda serve de abrigo para os cavaleiros, que vez por outra, acampam no Cerro da Bela Vista.

 

 

Fonte: http://bossorocars.blogspot.com/